segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A dor e o corpo.


Todo amanhecer para bailarinos é complicado. O chão que
você não sente ao pisar, as pernas que doem, as bolhas que
perturbam... Seu corpo te dá bom dia estalando.
É uma relação de amor e ódio com a dor. É inevitável não se
viciar nessas dores diárias que fazem questão de te lembrar
sempre que você é bailarino. É um desgaste com sabor de
trabalho.
E nunca vai parar. Tem dia que dói menos, tem dia que dói
mais. Lembrando que me refiro ao corpo, pois se for avaliar o
coração de um bailarino, perceberá que não existem feridas,
porque não se deixa ferir.
Você entrega seu amor ao ballet sem medo, pois tem a
certeza de que ele não te abandonará. Seu coração vai estar
sob o domínio da arte, em troca você receberá algumas
bolhas sim, feridas, lesões; mas prefiro um corpo dolorido a
um coração machucado.
Todos chegam à aula reclamando das dores, às vezes até
choram, mas no fundo sabem que fazem parte da sua
felicidade, sabem que quando um dia não as sentirem mais,
sentirão falta.
E acredito que sem as dores os aplausos não seriam tão
gratificantes, com sonoridade de superação, e com uma
sensação de orgulho, por nunca desistir.
E quando for reclamar da dor, substitua o semblante triste por
um sorriso, porque se você não estivesse com ela, o ballet
não estaria com você.



Escrito por Lucas Splint

Nenhum comentário:

Postar um comentário