O sonho de toda bailarina é subir nas pontas.
Às vezes é frustrante querer usar as sapatilhas e não poder. Muitas
vezes, isto leva à bailarina a comprar as sapatilhas por conta própria,
fazendo treinamento sozinha, em casa, sem qualquer supervisão.
Uma
atitude que pode gerar lesões graves e, em alguns casos, até
permanentes, pela falta de técnica no uso das pontas. Subir nas pontas
chega a ser fácil na concepção do
inexperiente, já que as sapatilhas têm um revestimento, que possibilita à
bailarina ficar nas pontas com estabilidade. Mas, o maior problema é:
seus pés estão prontos para estar nesta posição?
Seus tornozelos são fortes e flexíveis o suficiente para manter esta
posição, sem causar nenhum dano, como torções, luxações, lesões etc?
Seus pés estão trabalhados o suficiente para ficarem na posição correta?
Todo o seu corpo está preparado para colocar o peso e o equilíbrio necessários nas pontas?
Lembre-se: Seus pés vão ficar numa posição incomum, sustentando todo o
seu peso e seu corpo, no dedão e nos dedos subsequentes. Seus pés estão
prontos para isso?
1. Alongamento de Tendões e Músculos do Pé
Para se adquirir um pé como este, é preciso trabalho de exercícios, de muito tempo.
Para quem começa as aulas quando criança, é mais fácil, pois
naturalmente nascemos com os nossos músculos e tendões devidamente
alongados. O trabalho com as crianças evita que, durante o crescimento,
se perca este alongamento.
Para os que começam o trabalho com idade
mais avançada, é preciso entender que vai se fazer um trabalho
prolongado, para readquirir esse alongamento perdido com os anos. Por
isso, a primeira coisa que o iniciante deve compreender é: PACIÊNCIA.
PERSEVERANÇA.
São palavras que devem estar constantemente na mente do iniciante
2. Flexibilidade de Tornozelos
Os tornozelos devem ser flexíveis. O que isto quer dizer? Durante o
trabalho com pontas, se faz muitos movimentos de relevé, onde se sobe
constantemente nas pontas e se desce também. Há movimentos de saltos, em
que assim que os pés saem do chão, precisam estar devidamente
esticados, e prontos para voltarem ao chão, começando pelas pontas,
meia-ponta e planta do pé no chão. Todos esses movimentos exigem um
tornozelo flexível, ou ele não aguentará.
Para se ter um tornozelo
flexível, antes de tudo é trabalhar o alongamento. E trabalhar esses
movimentos: ponta, meia-ponta, flex, meia-ponta, ponta, etc... Esses
exercícios são feitos nas com variáveis, para as aulas de barra e centro
de sala. O bailarino, com o tempo, vai adquirindo flexibilidade nos
tornozelos, para que eles, estando alongados, também possam,
devidamente, suportar tanta mobilização.
3. Força nos pés e tornozelos
Um pé fraco não suportará o peso do corpo, nem tanta movimentação em
seus músculos. Você pode ter um alongamento invejável, uma ponta linda,
com colo de pé avantajado, um tornozelo flexível, mas se os músculos do
seu pé, e os que circundam o tornozelo forem fracos, quando você ficar
na ponta, a flexibilidade de seu tornozelo poderá até mesmo ser um
problema, causando torções e lesões, às vezes irreversíveis.
É
preciso fortalecer os tornozelos, os músculos, além de alongá-los, para
que possam suportar. Muitas bailarinas, com todo o trabalho que têm em
salas de aula, ainda assim desenvolvem problemas, como tendinite, por
causa do esforço que fazem.
"O uso das sapatilhas de ponta, quando
iniciado cedo demais, força a estrutura muscular, os tendões e os
ligamentos, ocasionando problemas ortopédicos graves, como pé chato, no
qual não se desenvolve a curvatura, deixando os ligamentos frouxos,
criando hérnias da cápsula articular nos ligamentos das articulações
ósseas e calosidades.
Certas tendências e formações imperceptíveis
inicialmente podem se agravar, como problemas de coluna, observados nas
posturas quase sempre erradas. Várias são as bailarinas com joanetes,
calos e com problemas nos joelhos. Podem surgir joelhos elásticos ou
para trás, em consequência de ligamentos distendidos. Outras deformações
ainda podem advir do uso precoce de pontas, com os pés em garra, ou
seja, com os dedos encolhidos, como sugere o nome."
"O trabalho
nas pontas faz com que os dois primeiros metatarsos suportem a maior
parte do peso corporal. Consequentemente, quando as bailarinas aprendem a
dançar nas pontas dos pés, esses ossos começam a sofrer processos de
remodelagem, de forma que a cortical do primeiro e do segundo raio
torna-se muito mais espessa que nas pessoas que não dançam. Durante o
treinamento, e até mesmo através da carreira, esses ossos, em particular
o segundo raio, correm o risco de sofrer uma fratura por estresse.
A
manifestação habitual é aquela com início gradual de dor na base do
segundo metatarso, que, no início, aumenta com o trabalho na ponta dos
pés, e costuma ser seguida por dor ao adotar a posição de meia-ponta. Se
não for tratada, a dor pode manifestar-se até mesmo no andar. Se forem
excluídas insuficiências dietéticas e se a gordura corporal parece estar
dentro dos limites de uma boa saúde, o tratamento consiste em repouso
em relação às atividades agravantes, ao mesmo tempo que a força é
mantida com exercícios que não produzem dor.
Como os sapatos
para o trabalho de ponta são bem mais rígidos e mais estreitos que os
sapatos de meia ponta, a realização de tração sobre o assoalho é mais
difícil até mesmo quando os pés estão totalmente em contato com a
superfície. A falta de força no pé e no tornozelo pode resultar em
entorses agudas do tornozelo ou lesões por uso excessivo, tais como
tendinite do tendão de Aquiles, e tendinite tibial posterior.
As
aulas de ballet trazem uma série de exercícios para auxiliá-la a subir
nas pontas. Fortalecimento dos pés e seus músculos, flexibilidade dos
tornozelos e alongamento de tendões e músculos, fora os demais
exercícios para o corpo todo. Lembre-se, o ballet não está nos pés, está
em todo o corpo. Não adianta ter um pé preparado se não há a postura
correta.
A beleza do ballet está na forma perfeita, em que a
impressão que se tem é que a bailarina não faz esforço algum, não tem
quase peso, e pode até mesmo voar, leve como uma pluma. Mas, para dar
esta impressão etérea, é preciso muito trabalho. Só mesmo a bailarina
sabe a quantidade de força que coloca em seu corpo, nos músculos certos,
para que uma perna se erga suavemente, como se não tivesse peso algum.
Só uma bailarina sabe o quanto seu pé sofre para ficar na ponta, e seu
corpo se equilibra para manter esta pose, como se não pesasse nada.
Um professor, uma escola de ballet, são coisas extremamente necessárias
para quem deseja subir nas pontas. Não compre uma sapatilha de ponta
sem consultar um professor e sem estar em treinamento com um professor.
Não use a sapatilha de uma amiga, sapatilha de ponta é algo pessoal e
intransferível, após ser usada por uma bailarina nunca deve ser
aproveitada por outra. Isso poderá causar sérios danos a você. Até mesmo
a compra errada das sapatilhas,pode prejudicar os seus pés.
Que bela matéria essa. na nossa academia, tem muitas mães que tiraram as filhas e mandaram para outra professora, pois a nossa se recusou a coloca-las na ponta.é uma pena que não consigam entender tudo que vc explicou tao bem na postagem.
ResponderExcluirTudo tem a hora certa, e passar adiante as vezes é bem perigoso.
bjs
verdade :)
Excluiradorei a postagem, realmente tem bailarinas que só se sentem bailarinas se tiverem na sapatilha de ponta, não penso assim afinal uso bem mais a meia-ponta,
ResponderExcluirespero que outras bailarinas entendam...
bjs e até
Adorei! Entrei na iniciação de ponta este ano e tudo o que posso ver é que isso que você escreveu é pura verdade!
ResponderExcluirContinue assim, se puder me segui o meu endereço é:
isaloy.blogspot.com