segunda-feira, 18 de junho de 2012

Sapatilhas de ponta !

O sonho de toda bailarina é subir nas pontas.

Às vezes é frustrante querer usar as sapatilhas e não poder. Muitas vezes, isto leva à bailarina a comprar as sapatilhas por conta própria, fazendo treinamento sozinha, em casa, sem qualquer supervisão.
Uma atitude que pode gerar lesões graves e, em alguns casos, até permanentes, pela falta de técnica no uso das pontas. Subir nas pontas chega a ser fácil na concepção do inexperiente, já que as sapatilhas têm um revestimento, que possibilita à bailarina ficar nas pontas com estabilidade. Mas, o maior problema é:
seus pés estão prontos para estar nesta posição?
Seus tornozelos são fortes e flexíveis o suficiente para manter esta posição, sem causar nenhum dano, como torções, luxações, lesões etc?
Seus pés estão trabalhados o suficiente para ficarem na posição correta?
Todo o seu corpo está preparado para colocar o peso e o equilíbrio necessários nas pontas?

Lembre-se: Seus pés vão ficar numa posição incomum, sustentando todo o seu peso e seu corpo, no dedão e nos dedos subsequentes. Seus pés estão prontos para isso?

1. Alongamento de Tendões e Músculos do Pé
Para se adquirir um pé como este, é preciso trabalho de exercícios, de muito tempo.
Para quem começa as aulas quando criança, é mais fácil, pois naturalmente nascemos com os nossos músculos e tendões devidamente alongados. O trabalho com as crianças evita que, durante o crescimento, se perca este alongamento.
Para os que começam o trabalho com idade mais avançada, é preciso entender que vai se fazer um trabalho prolongado, para readquirir esse alongamento perdido com os anos. Por isso, a primeira coisa que o iniciante deve compreender é: PACIÊNCIA. PERSEVERANÇA.
São palavras que devem estar constantemente na mente do iniciante

2. Flexibilidade de Tornozelos
Os tornozelos devem ser flexíveis. O que isto quer dizer? Durante o trabalho com pontas, se faz muitos movimentos de relevé, onde se sobe constantemente nas pontas e se desce também. Há movimentos de saltos, em que assim que os pés saem do chão, precisam estar devidamente esticados, e prontos para voltarem ao chão, começando pelas pontas, meia-ponta e planta do pé no chão. Todos esses movimentos exigem um tornozelo flexível, ou ele não aguentará.
Para se ter um tornozelo flexível, antes de tudo é trabalhar o alongamento. E trabalhar esses movimentos: ponta, meia-ponta, flex, meia-ponta, ponta, etc... Esses exercícios são feitos nas com variáveis, para as aulas de barra e centro de sala. O bailarino, com o tempo, vai adquirindo flexibilidade nos tornozelos, para que eles, estando alongados, também possam, devidamente, suportar tanta mobilização.

3. Força nos pés e tornozelos
Um pé fraco não suportará o peso do corpo, nem tanta movimentação em seus músculos. Você pode ter um alongamento invejável, uma ponta linda, com colo de pé avantajado, um tornozelo flexível, mas se os músculos do seu pé, e os que circundam o tornozelo forem fracos, quando você ficar na ponta, a flexibilidade de seu tornozelo poderá até mesmo ser um problema, causando torções e lesões, às vezes irreversíveis.
É preciso fortalecer os tornozelos, os músculos, além de alongá-los, para que possam suportar. Muitas bailarinas, com todo o trabalho que têm em salas de aula, ainda assim desenvolvem problemas, como tendinite, por causa do esforço que fazem.
"O uso das sapatilhas de ponta, quando iniciado cedo demais, força a estrutura muscular, os tendões e os ligamentos, ocasionando problemas ortopédicos graves, como pé chato, no qual não se desenvolve a curvatura, deixando os ligamentos frouxos, criando hérnias da cápsula articular nos ligamentos das articulações ósseas e calosidades.
Certas tendências e formações imperceptíveis inicialmente podem se agravar, como problemas de coluna, observados nas posturas quase sempre erradas. Várias são as bailarinas com joanetes, calos e com problemas nos joelhos. Podem surgir joelhos elásticos ou para trás, em consequência de ligamentos distendidos. Outras deformações ainda podem advir do uso precoce de pontas, com os pés em garra, ou seja, com os dedos encolhidos, como sugere o nome."

"O trabalho nas pontas faz com que os dois primeiros metatarsos suportem a maior parte do peso corporal. Consequentemente, quando as bailarinas aprendem a dançar nas pontas dos pés, esses ossos começam a sofrer processos de remodelagem, de forma que a cortical do primeiro e do segundo raio torna-se muito mais espessa que nas pessoas que não dançam. Durante o treinamento, e até mesmo através da carreira, esses ossos, em particular o segundo raio, correm o risco de sofrer uma fratura por estresse.
A manifestação habitual é aquela com início gradual de dor na base do segundo metatarso, que, no início, aumenta com o trabalho na ponta dos pés, e costuma ser seguida por dor ao adotar a posição de meia-ponta. Se não for tratada, a dor pode manifestar-se até mesmo no andar. Se forem excluídas insuficiências dietéticas e se a gordura corporal parece estar dentro dos limites de uma boa saúde, o tratamento consiste em repouso em relação às atividades agravantes, ao mesmo tempo que a força é mantida com exercícios que não produzem dor.

Como os sapatos para o trabalho de ponta são bem mais rígidos e mais estreitos que os sapatos de meia ponta, a realização de tração sobre o assoalho é mais difícil até mesmo quando os pés estão totalmente em contato com a superfície. A falta de força no pé e no tornozelo pode resultar em entorses agudas do tornozelo ou lesões por uso excessivo, tais como tendinite do tendão de Aquiles, e tendinite tibial posterior.
As aulas de ballet trazem uma série de exercícios para auxiliá-la a subir nas pontas. Fortalecimento dos pés e seus músculos, flexibilidade dos tornozelos e alongamento de tendões e músculos, fora os demais exercícios para o corpo todo. Lembre-se, o ballet não está nos pés, está em todo o corpo. Não adianta ter um pé preparado se não há a postura correta.

A beleza do ballet está na forma perfeita, em que a impressão que se tem é que a bailarina não faz esforço algum, não tem quase peso, e pode até mesmo voar, leve como uma pluma. Mas, para dar esta impressão etérea, é preciso muito trabalho. Só mesmo a bailarina sabe a quantidade de força que coloca em seu corpo, nos músculos certos, para que uma perna se erga suavemente, como se não tivesse peso algum. Só uma bailarina sabe o quanto seu pé sofre para ficar na ponta, e seu corpo se equilibra para manter esta pose, como se não pesasse nada.

Um professor, uma escola de ballet, são coisas extremamente necessárias para quem deseja subir nas pontas. Não compre uma sapatilha de ponta sem consultar um professor e sem estar em treinamento com um professor. Não use a sapatilha de uma amiga, sapatilha de ponta é algo pessoal e intransferível, após ser usada por uma bailarina nunca deve ser aproveitada por outra. Isso poderá causar sérios danos a você. Até mesmo a compra errada das sapatilhas,pode prejudicar os seus pés.


4 comentários:

  1. Que bela matéria essa. na nossa academia, tem muitas mães que tiraram as filhas e mandaram para outra professora, pois a nossa se recusou a coloca-las na ponta.é uma pena que não consigam entender tudo que vc explicou tao bem na postagem.
    Tudo tem a hora certa, e passar adiante as vezes é bem perigoso.
    bjs

    ResponderExcluir
  2. adorei a postagem, realmente tem bailarinas que só se sentem bailarinas se tiverem na sapatilha de ponta, não penso assim afinal uso bem mais a meia-ponta,
    espero que outras bailarinas entendam...
    bjs e até

    ResponderExcluir
  3. Adorei! Entrei na iniciação de ponta este ano e tudo o que posso ver é que isso que você escreveu é pura verdade!
    Continue assim, se puder me segui o meu endereço é:
    isaloy.blogspot.com

    ResponderExcluir