
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
O enacanto de Giselle !
Todos deveriam aprender ao ver o ballet de repertório
"Giselle". Mas não aprender sobre a técnica do ballet
clássico, e sim a amar de forma ingênua. A diferença de 1840
para 2013 nota-se não apenas no vestuário, mas também na
forma de extrair prazer nas coisas simples, ao dançar, ao
amar, amar alguém que não esteja vestido como príncipe,
mas que você o veja como príncipe.
A vontade que ela tinha de bailar era maior que o medo de
morrer, por conta da sua fraqueza no coração. Na verdade
todos nós temos o coração frágil, porque morrer por "dentro"
ao se deparar diante de uma mentira é tão doloroso quanto
morrer por fora. A cena da loucura representa nada menos do
que diversas pessoas apaixonadas que enlouquecem depois
de acordarem de um sonho; de receber um adeus por sms; de
ver a pessoa indo embora pela janela de um ônibus; de sentir
o cheio dela no travesseiro e lembrar-se de quando sentia o
mesmo cheiro na pele desta; de o "Te amo" se transformar
em "oi"; de perceber que não vive mais um conto de fadas.
Giselle representa uma garota simples, mas de sentimentos
tão nobres, de olhares tão esperançosos... Está ai outra
grande diferença, ninguém mais olha para o futuro com olhar
de esperança; muito menos para o presente. Ninguém mais
acredita que se pode ser feliz, e insistem em ao terminar um
relacionamento, falar "Não deu certo". Sendo que se a pessoa
arrancou um sorriso de você por vários os dias já deu certo. A
eternidade não é sinônima de felicidade.
Giselle prefere não acreditar em lendas, em pessoas; ela
prefere acreditar no que vê, não no que não existe; prefere
viver a sua realidade. Fica deslumbrante ao receber um colar
de valor da Batilde, mas não percebe que este brilha menos
que o seu olhar; tem menos valor que seus sentimentos. O
problema é que ela não olha para dentro de si; prefere reparar
que veste um vestido humilde. Mas é só uma garota, nem teve
tempo de aprender sobre a vida, nem teve tempo de aprender
sobre o amor... Por mais que ela vivesse por anos ela não
aprenderia, porque amor não se aprende, se vive. E se fosse
verdadeiro ele viveria eternamente. E por mais que o seu
sorriso fosse substutuído por lágrimas, ela não deixaria que
acontecesse o mesmo com o Albrecht. Ela poderia não ter
aprendido, mas teria muito a ensinar para quem assiste.
Ballet é uma arte que além de te ensinar a dançar, te ensina a
ter outros olhares sobre a vida através dos ballets de
repertório. Destacam-se aqueles bailarinos que não se atém
apenas ao "en dehors", mas que extraem as lições que a
dança oferece para ter uma vida melhor fora da sala de aula.
Giselle é meu ballet favorito por ser bonito por diversos
aspectos, e por a sua história ser atual. Todo mundo tem uma
"Giselle" dentro de si e que acredita em "bem me quer, mal
me quer", por mais que se considere moderno..
Por Lucas Splint

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